Fisioterapia

Kaatsu Training

By 27 de agosto de 2019 No Comments

Segundo o Colégio Americano de Medicina do Esporte para promover ganhos de força e hipertrofia deve-se trabalhar em intensidades superiores ou iguais a 70% de uma repetição máxima (ACSM, 2009). Porém, o treinamento estipulado de alta intensidade pode não ser viável para indivíduos com doenças crônicas, em recuperação de lesões ortopédicas ou até mesmo para os idosos, devido a essa população poder não tolerar uma excessiva tensão mecânica e alterações metabólicas mediante esse protocolo (NETO et. al. 2016). Devido essas ideias construídas com o passar do tempo, os profissionais buscaram alternativas das quais pudessem trazer benefícios iguais ou semelhantes a este tipo de protocolo, porém que não precisassem enfrentar esses tipos de estresse não tolerados a certos praticantes por motivos específicos.

Surge assim o Kaatsu training desenvolvido no Japão, o qual consiste na realização de um treinamento de força com oclusão vascular. Seu protocolo vem sendo estudado de forma empírica por mais de 40 anos pelo professor Yoshiaki Sato, que por sua vez já possui mais de 100 publicações com o assunto, obtendo mais de 47 patentes com relação ao Kaatsu (SATO, 2005).

O professor realizou também diversos relatos de caso que corroboraram no desenvolvimento da metodologia deste treinamento. Sobretudo, comprovando a capacidade de gerar força e hipertrofia com exercício de baixa intensidade utilizando a restrição do fluxo sanguíneo. Após esses “experimentos”, Sato pôde desenvolver manuais e equipamentos para “otimizar” a realização do treinamento e a “padronização da metodologia”. Os produtos utilizados para o treinamento foram patenteados no Japão em 1994 e alguns anos depois em outros países do mundo. A partir disso, percebe-se a realização de diversos trabalhos que foram publicados em revistas científicas. Entretanto, foi através de um artigo científico publicado por Takarada, em 2000, na revista Journal of Applied Physiology que a metodologia se tornou conhecida no mundo inteiro. Os resultados apresentados por Takarada obtiveram grande impacto perante a comunidade científica (SATO, 2005).

Este aumento na demanda de publicações enfatizam a relevância do assunto e a necessidade de esclarecer diversos aspectos ainda não abordados ou que ainda não estão explicitados o suficiente na literatura (RAMIS, 2014).

Dentro das últimas décadas foram diversas evidências demonstrando com mais clareza que se utilizar de exercício de força com baixa intensidade e restrição do fluxo sanguíneo promove ganhos de força e hipertrofia (KUBO et. al., 2006; LOENNEKE, WILSON, et. al., 2012; PATTERSON, FERGUSON, 2010; SHINOHARA et. al., 1998; SUMIDE et. al., 2009; TAKARADA, TAKAZAWA, et. al., 2000; DANKEL et. al., 2015).

A aplicação da oclusão vascular permite com que o praticante da modalidade trabalhe com intensidade leves [20-30% de uma repetição máxima (1RM)] enquanto há alterações na massa muscular e na força semelhantes daqueles que se utilizam de intensidades altas (LAURENTINO et. al., 2012; LOENNEKE et. al., 2012b; BRIAN, BARNETT, SCOTT e DANKEL, et. al., 2015).

Além desses efeitos, outros estudos em indivíduos saudáveis, também demonstraram que a utilização da restrição do fluxo sanguíneo em um treinamento faz com que haja um aumento do estresse hemodinâmico comparados com exercícios de carga leve (BRANDNER et. al. 2015; TAKANO et. al. 2005; STAUNTON et. al., 2015).

Com relação à oclusão do membro através do manguito, há diversos estudos que apresentam resultados positivos de força e hipertrofia com diferentes tipos de oclusão vascular que variam entre 50 mmHg – 200 mmHg (KUBO et. al., 2006; LAURENTINO et. al., 2008; LAURENTINO et. al., 2012; MOORE et. al., 2004; SUMIDE et. al., 2009; RAMIS, 2014).

Se tratando de exercícios aeróbios de baixa intensidade com oclusão vascular comparados com exercício de força também com restrição do fluxo sanguíneo, dado que este por sua vez corrobora na redução aparente de lesão musculoesquelética ou estresse cardiovascular, foi encontrado menores alterações hemodinâmicas no exercício de caminhada comparados ao exercício de força, contudo indicam que a caminhada associada à oclusão vascular serve como alternativa de exercício de força de alta intensidade para aumento de hipertrofia, força e capacidade funcional em idosos quando realizada cronicamente através de programa de treinamento. Além disso, outras populações também podem se utilizar do mesmo para obtenção de tais benefícios (STAUNTON, 2015).

Todas as evidências relatadas em artigos científicos sobre o treinamento de baixa intensidade com restrição vascular mostram-se muito eficazes considerando seus benefícios com relação ao protocolo, sendo que em alguns casos, indivíduos podem apresentar dificuldades em realizar atividades com altas intensidades, podendo este ser um componente que possa atrapalhar na reabilitação de lesões. Além disso, o “Kaatsu Training” pode ser uma metodologia utilizada na aceleração de processo deste problema, sendo também alternativa para pessoas idosas, pacientes com osteoartrite, pós-cirúrgico, em processo de reabilitação, entre outras morbidades.

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